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Toda a urbanidade presente no trabalho de Hélio Oiticica vem do fascínio e do contato próximo com o que podemos chamar de marginal: a “falta de lugar social”, que se processa ao mesmo tempo que a descoberta do “lugar individual”, uma surpreendente liberdade de ação. Ele vê no marginal não o “bom selvagem”, mas o conjunto do instinto e da força vital para a resistência. No Morro da Mangueira, Oiticica apropriou-se do samba, da arquitetura local e das relações sociais baseadas numa ética comunitária. Esses tipos de intervenção artística, ou o entendimento da fusão da arte com a vida cotidiana, começou na virada da década de 1950 para a 60. Trabalhando a noção de desmonte do objeto artístico proposta pelas vanguardas européias do início do século, os jovens artistas brasileiros em atividade na década de 1960 elaboraram conceitos que privilegiavam a idéia de construção. Tratou-se mais precisamente da “construção ontológica do novo”, uma possibilidade frente à declaração da “morte da pintura”, possibilidade de “salvação” para a mesma, para usar os termos de Oiticica. [...]
Publicado na revista Vivência nº33. Natal: Editora da UFRN, 2009.
ISSN 0104-3064